A poucos dias de completar um ano, a tragédia de Mariana (MG) parece ainda não ter solução. Com o cronograma de obras atrasado, a estrutura para contenção de rejeitos da barragem da Samarco pode não suportar uma nova onda de lama, que ameaça chegar com as chuvas e causar novos problemas ambientais. Em balanço divulgado no mês passado, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), alertou que a lentidão nos processos pode fazer com que a lama, ao atingir o Rio Doce, rompa a hidrelétrica de Candonga, que fica a cerca de 100 quilômetros do local do acidente, e que funcionou como um dique no rompimento da barragem da mineradora.
O deputado federal Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) acredita que as autoridades estão sem saber lidar com a complexidade do problema, o que inevitavelmente resulta em atrasos.
“O que tem havido é uma dificuldade enorme decorrente da complexidade do problema, e não houve ainda decisão definitiva a respeito da solução que se pode dar a esses impactos decorrentes da tragédia. Nem o Ministério Público concluiu as suas determinações, nem a área ambiental do governo do Estado concluiu os seus estudos, nem tampouco o governo federal conseguiu avançar na questão do fundo interestadual. Eu suponho que o Brasil está muito atrasado em relação ao desastre de Mariana”, disse o deputado.
As obras de recuperação ambiental estão sob responsabilidade da Samarco e do Instituto Renova. As controladoras da mineradora – as empresas Vale e BHP Billiton – também participam do processo. Mas apesar das medidas a serem tomadas constarem em acordo fechado entre a União, as empresas e os governos de Minas Gerais e Espírito Santo, o Ministério Público Federal em Minas ainda contesta o termo. O Ibama também alerta que há problemas quanto aos repasses de recursos às prefeituras.
Paulo Abi-Ackel aponta que essas indefinições podem prolongar as dificuldades enfrentadas na região. “A lentidão está fazendo com que ocorra, simultaneamente, um processo de dúvidas sobre o futuro social e econômico das cidades envolvidas, o risco de novos problemas na região – em função da falta de política de prevenção – bem como também falta de solução para as pessoas que continuam desempregadas.”
Em 5 de novembro de 2015, o rompimento da barragem da Samarco despejou 32 milhões de metros cúbicos de minério de ferro ao longo do Rio Doce e das cidades vizinhas nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. O acidente matou 19 pessoas.
PSDB em 03 11 2016
Compartilhar nas redes sociais: