Ministro do Trabalho e Emprego do Governo Lula e presidente nacional do PDT, Carlos Luppi, disse ontem, após encontro com o governador Aécio Neves, que o seu partido não firmou compromisso com o projeto petista de sucessão presidencial. Ao lado do governador e do presidente estadual da legenda, Manoel Costa, Luppi assegurou que o PDT pode caminhar ao lado de Aécio, em detrimento da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), pré-candidata do PT, caso os tucanos optem pelo nome do mineiro. Segundo Luppi, ao aceitar o Ministério, o PDT assumiu o compromisso de ser apenas parte da base do Governo Lula. “Precisamos aguardar a posição do PSDB. Se o PSDB decidir pelo nome do Aécio, muda todo o quadro nacional. Em nenhum momento discutimos a sucessão presidencial. Cada etapa tem o seu sofrimento. Agora, político nenhum tem futuro sem passar por Minas Gerais. Minas é o Estado que decide todas as eleições no Brasil”, afirmou o ministro. Para o ministro, o próprio presidente Lula sabe que o PDT, apesar de fazer parte da base, não assegurou apoio ao projeto de campanha da ministra Dilma. Mesmo dizendo-se amigo pessoal da ministra, Luppi não vê problema em sinalizar apoio ao pré- candidato tucano. “Sou amigo da Dilma desde quando ela ajudou a fundar o PDT. Não tenho dificuldade nenhuma com a ministra. A questão não é só de afinidade, a questão é política”, disse. Em Minas, o partido faz parte da base do governador. Antes do encontro no Palácio, o ministro se encontrou com a bancada do partido na Assembleia, quando definiu o apoio do PDT aos tucanos na corrida estadual. “O projeto natural do PDT em Minas é garantir a continuidade do bom Governo. A tendência coerente do partido é acompanhar essa continuidade, afinal, o PDT ocupa espaços fundamentais no Governo de Minas”, acentuou. O governador mineiro descartou a possibilidade de o PSDB, como desejam alguns aliados de Serra, costurar uma chapa puro sangue, turbinando a candidatura de Aécio também fora de Minas Gerais. “A minha compreensão é de que precisamos buscar aliados. Temos um núcleo forte que parte dos Democratas e do PPS, ao lado do PSDB. Mas acho que podemos ampliar. As conversas são todas nessa direção. Esse aspecto, ou seja, a capacidade de aglutinar, será bem avaliado e um instrumento importante na decisão que o partido vier a tomar no final do ano. Teremos nosso candidato definido, mas apenas após dezembro”, ponderou Aécio. Na próxima sexta, Aécio recebe o governador José Serra (São Paulo) em BH, antes de seguirem para um encontro do PSDB, em Foz do Iguaçu (Paraná). “Será uma agenda administrativa de governadores. Vamos assinar alguns convênios de substituição tributária, que permitirão que os impostos de determinadas atividades sejam cobradas na origem para que haja uma minimização”, observou o governador mineiro. Alianças são trunfo de tucano A redução da distância entre as pré-candidaturas de José Serra e da ministra Dilma Rousseff , constatada nas últimas pesquisas, reforçou no governador Aécio Neves a crença de que o PSDB possa optar pelo seu nome na corrida presidencial de 2010. Mesmo fragilizado nas pesquisas, aparecendo em último lugar nos cenários onde é colocado como o candidato tucano, o mineiro acredita que tem espaço para crescer, principalmente, pela sua capacidade de transitar em outros partidos, mesmo aqueles que fazem parte da atual base do presidente Lula (PT). Em visita ? s obras de duplicação da Avenida Antônio Carlos (Norte de BH), ontem, o governador disse que essa “capacidade aglutinadora” tem peso na negociação e será colocada na mesa tucana ao final do ano. Desde de que se lançou oficialmente como pré-candidato ? Presidência, Aécio tem recebido lideranças de outros partidos na capital mineira. Até agora, Aécio conversou com caciques do PRB, PTB, PV e até do PMDB. Ontem, foi a vez do PDT. Todos sinalizaram com a intenção de caminhar ao lado do governador mineiro numa eventual disputa com o candidato do PT. Apesar de as pesquisas terem reforçado sua intenção de ser o candidato do PSDB na corrida presidencial, Aécio ressaltou que as recentes consultas não acrescentaram fatos novos no cenário eleitoral. Segundo o tucano, a redução da diferença entre Serra e Dilma vem sendo acompanhada pelas pesquisas encomendas pelo PSDB. “O que existe de consistente nessas pesquisas, e é o esperado, é o crescimento da ministra Dilma”. Nas nossas avaliações, uma candidatura do PT, apoiada pelo presidente Lula, e conhecida amplamente pela população, terá uma piso de largada em torno de 30%. E ela não atingiu ainda esse piso. Trabalhamos com a possibilidade de qualquer que seja o candidato do PT ter esse piso de 30%. A partir daí, é o candidato com sua capacidade de convencer o eleitor”, revelou. Nos bastidores, os tucanos trabalham com a hipótese de que ministros de Lula deixem o Governo, ao final do ano, para liberar suas legendas nas negociações para 2010. O PMDB seria um desses partidos que estuda a possibilidade de se desvincular do Governo para negociar nos estados. A estratégia da ala do PSDB ligada ao governador mineiro é mostrar aos caciques da legenda que Aécio tem capacidade para reunir forças para isolar o PT e fazer com que Serra acabe concorrendo ? reeleição em São Paulo. Daí o interesse do governador mineiro de percorrer o país em busca de mais aliados nos estados. “Não temos que mudar nossa estratégia em razão das movimentações do Governo. Estou feliz com o fato de o PSDB ter optado pelos encontros no país. E vamos chegar ao final do ano, ainda havendo disputa no PSDB, decidindo nas prévias para ver, não aquele que tem maior indicador nas pesquisas, mas aquele que mais agrega, e sobretudo, que tenha maior condição de vencer as eleições”, afirmou. Diante disso, Aécio busca ampliar o leque de articulações com partidos da base de Lula. O presidente do PSDB mineiro, deputado federal Paulo Abi-Ackel, tem em suas mãos a missão específica de fortalecer os laços entre tucanos e peemedebistas, com vistas ? sucessão estadual e federal. Ontem, Abi-Ackel disse ser sua prioridade estabelecer conversas com caciques do PMDB. Hoje em Dia - Política Créditos: Alex Capella
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