Paulo Abi-Ackel é segundo-vice-presidente da Comissão Os desdobramentos da Operação Satiagraha da Polícia Federal (PF) provocaram a convocação de três pessoas envolvidas nas investigações para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas. A CPI aprovou nesta quarta-feira (16/07) requerimentos para que sejam ouvidos o banqueiro Daniel Dantas, acusado de crimes financeiros, evasão de divisas e de formação de quadrilha; o delegado Protógenes Queiroz, que comandou a operação da PF; e o juiz Fausto de Sanctis, que autorizou as prisões dos principais acusados. Os depoimentos ocorrerão em agosto. Em princípio, os três vão depor na CPI sobre assuntos ligados a grampos telefônicos. Porém, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) disse que a oposição vai abordar temas relacionados ? Operação Satiagraha. ``A partir desse depoimento, seguramente queremos expor com clareza o que está em jogo nessa investigação: além das escutas, se os fatos apurados comprovam denúncias formuladas na CPMI dos Correios com relação a financiamento ilegal de partidos da base do governo e se os fatos apurados comprovam abuso de autoridade e tráfico de influência``, ressaltou. Delegados afastados Também nesta quarta-feira, o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) apresentou requerimento de informações para o Ministério da Justiça sobre os motivos do afastamento dos delegados da Polícia Federal responsáveis pela Operação Satiagraha - além de Protógenes Queiroz, saíram da investigação Karina Murakami Souza e Carlos Eduardo Pelegrini Magro. ``Não dá para entender essa substituição. Parece-nos que os prejuízos ? investigação serão grandes. As explicações foram insuficientes. O cheiro de pressão política para proteger certos personagens é grande``, destacou. O requerimento será analisado pelo primeiro-secretário, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que apresentará seu parecer ? Mesa Diretora. Se aprovado, o requerimento de informação será encaminhado ao ministro da Justiça, que terá 30 dias para se manifestar. O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) também reclamou do afastamento dos delegados. ``Isso é uma demonstração de que pode estar havendo pressões do governo na tentativa de acobertar essas investigações. Esperamos que não. Que esse seja apenas um sintoma, mas que não seja realidade``, disse. Já a deputada Rita Camata (PMDB-ES) espera que os culpados sejam devidamente punidos. ``Os brasileiros estão vendo o trabalho da Polícia Federal. Que seja um trabalho sempre autônomo, sério e competente, na busca de formular os inquéritos para que principalmente o colarinho branco nesse País e aqueles que cometem crime sejam responsabilizados e paguem. Eu espero que o afastamento desses três delegados, a dez dias da conclusão do inquérito, não represente a perspectiva de mais denúncias de escândalos sem que a punição e a responsabilização daqueles que devem de fato sejam concluídas.`` Oportunidade para esclarecimentos Parlamentares de vários partidos também foram ? tribuna do Plenário para criticar o afastamento dos delegados, mas o relator da CPI, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), lembrou que Protógenes Queiroz poderá esclarecer todas as dúvidas sobre sua substituição durante o depoimento ? comissão. ``A vinda do delegado aqui pode ser até o momento de ele dizer se pediu para ser afastado ou se foi afastado``, disse. O líder do PT, deputado Maurício Rands (PE), negou qualquer interferência do governo na investigação da Polícia Federal. ``O Poder Executivo, ao contrário do que aconteceu em outros governos, não está interferindo na Polícia Federal. Eu quero que haja um aperto aos corruptos, aos colarinhos brancos e também ao criminoso de rua. E, portanto, fico satisfeito de ser deputado de um partido que, estando no governo, contribuiu para o combate ? corrupção, fazendo com que a Polícia Federal tivesse todas as condições de desbaratar uma quadrilha que teve a sua ramificação lá atrás, na época da privatização da Telebrás, em 1998``, afirmou. Segundo Rands, a substituição dos delegados é um assunto interno da Polícia Federal da Agência Câmara
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