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Agenda positiva deixa a desejar

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Com imagem desgastada, senadores e deputados apostaram em projetos de apelo popular


Para conter a insatisfação popular que ganhara as ruas a partir de junho de 2013, a presidente Dilma Rousseff optou pelo anúncio de cinco pactos, enquanto senadores e deputados assustados lançaram uma agenda positiva para contornar a crise institucional do Parlamento. Contudo, dos 32 projetos eleitos pelo Congresso como prioritários, seis ainda não foram tocados, dez viraram lei, dois foram arquivados como queria a sociedade, e 14 estão em andamento.


Entre os que já tiveram desfecho estão a aprovação de 75% dos royalties do petróleo para educação e 25% para a saúde e a queda da PEC 37. Em compasso de espera estão a proposta que torna a corrupção crime hediondo, a ficha limpa para contratação de servidores dos Três Poderes e a redução do número de assinaturas para apresentação de projetos de iniciativa popular.


O desejo de uma reforma política profunda foi frustrado com a aprovação de um texto superficial que deixou de fora o financiamento público de campanhas – que só caiu por decisão do Supremo Tribunal federal – , o sistema de votação e as regras de coligações. Os próprios parlamentares avaliam que a estratégia de votar ações de apelo popular ainda não surtiu efeito.




O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) critica o súbito interesse pelas matérias até então esquecidas. “Todas essas propostas do Senado são uma jogada de marketing. A reforma política não é mini, é quase nada. Até o voto secreto, que é uma coisa simples, tem muita dificuldade de passar”, afirma o senador.


Para o pedetista, a tendência é que o ritmo das aprovações caia. “As pessoas não vão voltar às ruas na mesma proporção de antes. A pressão e os empenhos diminuirão”, critica.


Para o deputado federal mineiro Paulo Abi-Ackel (PSDB), o Senado saiu na frente da Câmara na recuperação da imagem institucional. “A agenda ia bem antes da não cassação do deputado Natan Donadon. Ainda não demos uma resposta à população”, afirma.


O deputado federal Reginaldo Lopes (PT) justificou a demora na avaliação de alguns projetos dizendo que o processo requer amadurecimento. “O que não sair do papel não será por falta de vontade da presidente ou de recursos, depende dos governadores”, disse o petista, sobre critérios de divisão dos royalties, em um recado aos tucanos mineiros.


ATACONGRESSO


Disposição por mudanças concretas é posta em xeque 



Mesmo dispostos a desengavetar projetos de interesse da sociedade, deputados e senadores tropeçam quando as mudanças atingem diretamente o universo parlamentar, como no caso da reforma política, da transformação da corrupção em crime hediondo e do fim voto secreto.

As repercussões dos protestos não foram capazes ou suficientes para que o Legislativo encarasse mudanças nas regras do viciado jogo político e eleitoral brasileiro. As manifestações colocaram em xeque a disposição de senadores e deputados, que ainda não passaram no teste de atender as demandas das rua.

Na Câmara, a primeira demonstração dos deputados de que a disposição para dar uma resposta às ruas tinha limites modestos foi a votação que manteve o mandato do deputado condenado Natan Donadon.

A ampla reforma política aclamada pela sociedade se limitou a modestas alterações. O projeto que aumenta o rigor na punição para corrupção está parado na Câmara, e o texto que propõe o fim do voto secreto em todas as situações dificilmente será aprovado em plenário.

Para o cientista político Paulo Roberto Leal, uma agenda positiva não é capaz de polir os arranhões na imagem do Legislativo. “A visão da população está muito contaminada. As medidas até aqui me parecem muito pouco para uma redenção. Falta uma reforma política abrangente e sólida. Estamos no mesmo patamar que há três décadas”.


Jornal OTempo em 04 01 2016
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