O bolso do contribuinte deverá sofrer mais um baque neste início de ano. O governo federal pretende reajustar em 7% o preço do combustível, e em 4% ou 5% o preço do óleo diesel. Este será o primeiro aumento de preço sensível para o consumidor em quase dez anos. Por conta dos possíveis impactos que a alteração pode causar nos índices inflacionários, a equipe econômica do governo estuda alternativas que poderão ser adotadas nos próximos meses, como a elevação do nível máximo de etanol que pode ser misturado ? gasolina. A expectativa, segundo o jornal O Estado de São Paulo, é de que o anúncio seja feito na semana que vem. O que chama a atenção é que o governo promove esse reajuste de 7% ao mesmo tempo em que sanciona a redução de 20% das tarifas de energia, por meio da Lei 12.783, publicada nesta segunda-feira (14) no Diário Oficial da União. Para o deputado federal Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), integrante da Comissão de Minas e Energia da Câmara, o governo se contradiz. “Isso confirma mais uma vez os desencontros da administração petista, que funciona de improviso. O governo se contradiz o tempo todo, jogando com a mídia oficial ao criar medidas de efeito como foi o caso da redução da conta de luz, para logo depois se ver diante da necessidade de rezar para São Pedro para que os reservatórios não fiquem vazios”, considera. O parlamentar acredita que as urgências em que o governo se encontra, sobretudo nas áreas econômica e energética, poderiam ter sido prevenidas com um planejamento eficaz. “Agora, na contingência de ter que aumentar o preço do combustível, o governo se vê diante de algo que, em muitas esferas do governo, poderia ser evitado”, aponta. “Os problemas da economia, a inflação, o Produto Interno Bruto (PIB) muito baixo, a maquiagem das contas públicas feita pelo Banco Central. Tudo isso nos coloca em um futuro onde está cada vez mais difícil prever a direção em que o país vai seguir”, adiciona.
Petrobras Segundo o presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIA), Adriano Pires, o aumento das tarifas de combustível será benéfico para a Petrobras, que deverá conseguir uma receita adicional de cerca de R$ 600 milhões, com base no consumo do Brasil durante 2012 e na venda das refinarias no mês de dezembro. Ainda assim, ele garante que a receita extra não será suficiente para cobrir a defasagem de 15% do setor. “É um reajuste que vai ajudar o caixa da Petrobras, que anda com sérios problemas financeiros, mas apesar da geração de receita, a defasagem vai continuar”, informa. De acordo com o especialista em energia, as razões do governo para o reajuste são mais obscuras. “O que chama a atenção é que o aumento está sendo dado porque o governo pretende reduzir a tarifa de energia. A mentalidade é de que, com a redução de 20%, o governo vai conseguir aumentar a gasolina e os impactos inflacionários serão pequenos. Isso nos leva a pensar que a redução não é determinada pelo mercado ou empresas, mas sim pela questão macroeconômica de controle da inflação”, analisa. Pires também critica a decisão da presidente Dilma de impor a redução das tarifas energéticas em 20%. “Faz parte de agenda populista e eleitoreira do governo. Não tem lógica baixar a tarifa em um período de ameaça de racionamento. Com isso, o governo está estimulando o aumento de consumo. Fora a perda de valor que empresas como a Cemig tiveram no mercado, com o anúncio dessa redução”, diz. Para ele, a atitude da administração federal é reprovável. “O governo está descaradamente usando o setor de energia para ganhar votos e controlar a inflação, causando racionamento e falta de energia no percurso. Só lamentamos que setores da importância da energia e petróleo sejam conduzidos exclusivamente por questões partidárias”. O deputado Paulo Abi-Ackel também questiona o uso da empresa estatal na tentativa de equilibrar as contas públicas. “O governo usa a Petrobras todo o tempo para atividades diferentes da sua atividade principal, para fazer um aparelhamento completo, empregando quem tem carteirinha do PT e tornando a estatal, que é um patrimônio público, uma empresa ineficiente. Especialistas vêm avisando para uma crise no setor de combustíveis há muito tempo, e só agora que o governo tenta mitigar o setor com o aumento das tarifas, interferindo na inflação”, completa.
Fonte: Agência Tucana
Compartilhar nas redes sociais: