Para tucanos, Cardozo é quem comete “pirueta retórica” ao defender Dilma Deputados do PSDB criticaram duramente a entrevista concedida por José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça, ao jornal “Folha de São Paulo”, publicada na segunda-feira (4). O advogado de Dilma Rousseff na comissão especial do impeachment no Senado disse à publicação paulista que quem culpa Dilma pela edição dos decretos de créditos suplementares está cometendo uma “pirueta retórica”. Para os deputados
Paulo Abi-Ackel (MG) e
Izalci (DF), é Cardozo quem faz “piruetas retóricas” ao defender a presidente afastada pelos crimes de responsabilidade identificados pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
“Com todo o respeito que o advogado merece – e os seus colegas de profissão, como é o meu caso – o que eu tenho a dizer sobre isso é o seguinte: de pirueta retórica ele [Cardozo] entende bem, tem demonstrado ser um especialista no assunto. Portanto, deveria tomar mais cuidado com as manifestações dos senadores que têm o seu ponto de vista calcado nas provas existentes nos autos do processo de impeachment”, ponderou Abi Ackel.
Izalci também condenou a postura do ex-ministro. Para o tucano, Cardozo tenta desqualificar o impeachment por já ter admitido a derrota de Dilma no processo. “Na prática, ele tenta desqualificar os atos, diminuir a responsabilidade – não diria nem a responsabilidade – mas a irresponsabilidade desse governo, que cometeu crimes abertamente”, ressaltou o parlamentar. “Ele já está admitindo a grande derrota, que na prática é uma vitória para o povo brasileiro. O Brasil já começa a ter uma certa esperança de uma retomada, pelo menos”, acrescentou.
PEDALADAS Questionado sobre o atraso no repasse do Tesouro Nacional ao Plano Safra – a chamada “pedalada fiscal” -, Cardozo colocou em xeque os resultados obtidos pelo laudo apresentado pelos peritos e afirmou que a manobra não se caracterizou como uma operação de crédito. Na visão de Abi-Ackel, a manifestação do ex-ministro é uma forma de negar o crime de responsabilidade cometido pela presidente afastada.
“A primeira coisa que um advogado – até os bons advogados fazem – é negar o crime do réu. Isso é tão óbvio quanto afirmar que sem justiça não há democracia e sem democracia não há Estado democrático de direito. O que o Congresso fez e está fazendo é cumprir a Constituição Federal, aplicando à presidente da República a penalidade decorrente do crime que ela praticou num julgamento político, porém guarnecido por uma análise jurídica profunda e já abundantemente debatida”, argumentou.
NOMEAÇÃO DE LULA Na entrevista, Cardozo ainda declarou que o controverso episódio da nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o ministério da Casa Civil não teve “nenhuma intenção de burlar a jurisdição”. Se concretizada, a nomeação de Lula teria lhe concedido foro privilegiado, o que faria com que as investigações relativas ao petista saíssem das mãos do juiz Sérgio Moro.
“Ele [Cardozo] demonstra, mais uma vez, que também não segue outros princípios fundamentais ao exercício da profissão de advogado, no caso com a presidente Dilma, talvez até em razão da amizade que os une. Mas decisão da Suprema Corte não se comenta, se respeita”, salientou o deputado mineiro.
(Da Agência PSDB/fotos: Alexssandro Loyola)
PSDB na Câmara em 05 07 2016