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Jornal O Tempo, 08 de agosto de 2011.
Como o senhor avalia este momento de crises no governo? Eu vejo a situação com muito pesar. Nós, do PSDB e do DEM, não acreditamos que quanto pior para o governo, melhor para a oposição. Pelo contrário, lamentamos e registramos que há uma crise interna do governo. Os problemas brotam de dentro do governo. Não é a oposição que está gerando dificuldades. O nosso dever é de fiscalizar, apresentar alternativas e cobrar.
Qual a origem das denúncias? Os problemas partem de dentro do governo. Os partidos da base tinham com o ex-presidente Lula um tipo de relação que foi se deteriorando. Percebendo que a presidente Dilma Rousseff não possui a mesma capacidade de gerar equilíbrio político, os partidos ficaram mais exigentes. Ao mesmo tempo, surgiram denúncias de pessoas do governo contra colegas do próprio governo. A presidente Dilma não tem a mesma capacidade de interlocução do ex-presidente Lula.
A presidente Dilma tem conseguido vencer as crises? Ela não venceu as crises porque ainda não enviou uma agenda positiva ao Congresso. No sétimo mês de mandato, ainda não propôs nenhum anteprojeto para promover uma reforma estruturante como a tributária, a previdenciária ou a trabalhista. É exatamente por isso que se criou esse vazio, que virou um ambiente propício para a lamentável troca de acusação entre aliados.
O governo mudou o modo de lidar com as crises, comparado ? quela que derrubou o ex-ministro da Casa Civil, Antônio Palocci? O caso Palocci surgiu a partir de denúncias dentro do PT. No caso do ex-ministro Alfredo Nascimento, quem deu a pauta foi a própria presidente. Agora, começou a prevalecer a fase do denuncismo, onde um aliado denuncia o outro em busca de mais espaço. O tratamento é diferenciado.
As crises têm prejudicado as ações do governo? O governo está parado. Isso preocupa a oposição e todo o Legislativo, que quer exercer o seu papel. Em qualquer democracia do mundo, quando o governo é colocado sob dúvida, o Executivo vai prestar contas ao parlamento. Cobrando, apenas estamos exercendo nosso papel. Temos o receio de que a crise possa prejudicar o país, já que todos os gabinetes da Esplanada estão parados. Um país de dimensões continentais precisa de eficiência. Não dá pra ficar parado.
O senhor vê indícios de corrupção em órgãos do governo? No Ministério dos Transportes, sem dúvida, há indícios. No da Agricultura, nesse caso específico, também, posto que houve denúncia de um diretor financeira. Mas o ministro Wagner Rossi é um homem sério, que não contribuiu para que o órgão tivesse problemas.
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contribuiria para as investigações? Sim, no caso dos Transportes, não só pelas denúncias, mas principalmente porque as obras e projetos estão, sim, paralisados em todo o Brasil. Nesse caso, há um aspecto político que transcende a competência dos órgãos de investigação. Existem entendimentos de composição que fizeram com que algumas pessoas, indicadas por partidos, estivessem ? frente dessas eventuais irregularidades.
Como a oposição vai se portar nos depoimento dos ministros convidados a dar explicações na Câmara? Queremos ouvir cada um deles de forma respeitosa. Estamos certos de que eles nos fornecerão sinais ou evidências de processos administrativos, de auditorias já em curso. Não vamos nunca nos pautar por presumir a culpa. Desejamos obter cópias de documentos, não para fazer juízo de valor, mas para enviá-los aos órgãos de investigação.
A oposição tem conseguido tirar proveito das crises? Torcemos para que essa etapa seja superada rapidamente. Para nós, convém muito mais discutir projetos, planos estratégicos e reformas do que denúncias contra ministros. (TF)
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